tag:blogger.com,1999:blog-89646617795839205692024-03-13T10:12:41.522-07:00... mundo estranho ...Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.comBlogger12125tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-60500702748726429512013-09-24T23:05:00.001-07:002013-09-24T23:05:52.421-07:00Ensaio sobre a fragilidade - parte 1<b>O que há por detrás daquele sorriso?</b><br />
<br />
Há tempos quero escrever algo sobre o fato de as sensações sensoriais e emocionais serem diferentes nas pessoas as vezes. Em tese, são provadas em pesquisas que deveriam ser iguais ao menos em alguns pontos. Em prática, creio que não.<br />
<br />
Muitas vezes, deitada em minha cama, ou mesmo em alguns delírios em momentos indevidos, penso em algo que me tira sono, fome, sede e sossego. O que há por detrás daquele sorriso?<br />
<br />
O sorriso é em si uma demonstração de fragilidade? E quais os limites desta sensação? Precisa ser boa? Pode ser ruim? Pode ser um trauma? Alívio, loucura, paixão, ódio, desgosto, insensibilidade, asco? Quantos sorrisos damos e recebemos por aí...<br />
<br />
Na famosa obra Monalisa, Da Vinci representou o que não via (Há sim por aí milhares de teorias, mas a verdade é que Da Vinci também tinha encantamento por sorrisos que não sabia o que expressavam - e esta é a minha verdade sobre tal. Além das correntes que pregam que ali não havia um sorriso). O quanto vocês entendem de sorriso afinal? O quanto eles entendiam?<br />
<br />
Nunca fui amante de história, portanto não sou detentora de grandes conhecimentos dos movimentos artísticos que rodearam o mundo. É difícil admitir quantas coisas já passaram ao alcance de meus olhos e eu não tive a bendita fragilidade para prestar atenção. Também não fiz um curso de história da arte, não pesquisei a fundo e o que menciono é o básico. Portanto são conhecimentos leigos e possivelmente errôneos em vários âmbitos. Como diria um grande amigo: o cerne da questão apenas. E eis tal posicionamento: o movimento renascentista italiano a meu ver foi o que trouxe as incógnitas que são os sorrisos.<br />
<br />
Vistos em desenhos, pinturas, esculturas, e então arrancados em músicas e outras expressões artísticas. Franz Halls com o Cavaleiro Sorridente me faz pensar em mil questões ao mesmo tempo. Por que ele quis representar o sorriso? O que ele via no sorriso que até então outros tão renomados artistas viam nas lágrimas e nos rostos sem expressão?<br />
<br />
Parmigianino, seguindo os passos de Da Vinci mostra em uma obra chamada La schiava turca, um sorriso subliminar, pra mim como o de Monalisa, mas numa beleza diferente, mais ousada e com 'n' possibilidades discutidas pelos antropólogos, artistas e historiadores, e que provavelmente tem embasamento histórico.<br />
<br />
E para que isso tudo?<br />
<br />
O que entorpece loucamente é justamente ver não na história passada, mas agora no dia a dia, o que há por detrás de cada sorriso. Existem sorrisos tão tristes, tão deprimidos. Existem rostos sérios sorridentes e nossa fragilidade muitas vezes não se dá conta. E aí me vem claramente o pensamento - "Como isso é ridículo".<br />
<br />
Não deveríamos então fazer um ensaio sobre a fragilidade? Se não um ensaio, meramente uma reflexão...<br />
<br />
Sei que jamais conheceremos a fundo cada pessoa e cada expressão facial dela. Mas ao menos a minha fragilidade me exige que eu veja por detrás dos sorrisos, as pessoas que me cercam. Isso porquê eu sei o quanto o meu próprio sorriso é dado às custas de muitos espinhos engulidos. Quando eu mexo nas minhas feridas sei o quanto já menti a cada sorriso mais lindo que foi fotografado ou marcado na mente de algumas pessoas. E poucas são as que sabem que só sorrio do verdade com os olhos - e estes escondidos pelas lentes dos óculos sempre.<br />
<br />
- O que te toca Natália? Se você esmiuçar até que não te machuque, a saída não é menos dolorosa?<br />
<br />
Esta foi a pergunta que ele me fez. E desde então a fragilidade se aguçou mais. Não, eu não esmiucei em mim, mas passei a ver nos outros...<br />
<br />
Tenho sido tocada pelos mecanismos que levam a pessoa a sorrir. Não os mecanismos motores, refletores, comandados pelos impulsos nervosos. Os que a vida desencadeou. Os mecanismos traumáticos, os desprendidos, os meramente babacas... O sorriso em si é dado por toda uma expressão corporal e não só pelo arquear dos lábios.<br />
<br />
Monalisa, pintada numa posição fechada, para mim não estava sorrindo. E quantas Monalisas você vê por aí? Quantas pessoas ao seu redor que sorriem com os braços cruzados numa postura corporal tão fechada quanto uma cara ranzinza? Se é pra rir, que seja livre e não apenas para agradar ao mundo.<br />
<br />
Como é triste um sorriso triste! Quantos mistérios ele esconde. Quantas seis situações? Quantos rostos conhecidos ou desconhecidos? Indagações demais para um ato tão simples.<br />
<br />
Detrás do sorriso existem histórias... E quantas histórias...<br />
<br />
E para se conhecer outrem, uma parte da história delas deve estar ao seu alcance. Senão não se conhece, apenas se vê e troca algumas palavras. Mas conhecer não é um ato fácil. Não tão fácil como conviver...<br />
<br />
Se sua fragilidade te permite, ouse, pergunte, enxergue e se permita. Contigo? Não. Com os outros. Há quem fará por você.<br />
<br />
As vezes ali há alguma mão precisando ser acariciada ou um colo sendo pedido com socorro detrás de um sorriso de 'oi, tudo bem?'.<br />
<br />
Observe, afinal não custa nada ser uma pessoa melhor. E se for o caso, mexa nas feridas, tire cada fiapo, cada lágrima, jogue álcool por cima se for necessário. Pode parecer a mais errada das atitudes, mas acredite, não é.<br />
<br />
Há dificuldade em se mexer nas feridas. Afinal, elas doem, ardem, massacram alma e coração. Mas dali, quem sabe pode surgir um sorriso de boa vontade, sem ato reflexo? Um sorriso não consciente? Coisas que só a fragilidade pode falar por nós.<br />
<br />
Tentaram mexer em minhas feridas algumas vezes, e não conseguiram. Mas me colocaram a par da análise por detrás do sorriso. Me deram a arma para abrir horizontes para novas pessoas. E se Monalisa estivesse aqui, acho que agora bateríamos um longo papo.<br />
<br />
O cavaleiro sorridente, já tem um tipo mais descolado. La schiava turca, uma posição sensual. O filme A vida é bela, me mostrou alguns sorrisos que poderiam existir nas guerrilhas. As grandes farras de Napoleão também. A arte de Aleijadinho em seus anjinhos barrocos me dá sensação de mais esperança nos sorrisos.<br />
<br />
O que há detrás do sorriso daquele jardim? Talvez, nada...<br />
<br />
Talvez seis espinhos cravados, talvez seis rosas mortas, talvez seis cadáveres enterrados, talvez seis monstros escondidos...<br />
<br />
O que há por detrás do seu sorriso?<br />
<br />
Afinal, quantos sorrisos damos e recebemos por aí...<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-11226431849778394572013-05-04T00:21:00.000-07:002013-05-04T00:22:52.210-07:00Uma nova e última leitura sobre o amor<br />
<div class="MsoNormal">
Ainda me lembro da primeira vez que passei os olhos sobre as
escritas de Álvares de Azevedo. A primeira sensação? Paixonite aguda. E durante
alguns anos, ele continuou sendo o top autor de cabeceira. Em todas as suas
obras – mas de fato a que mais me encanta é Noites na taverna, ele traduziu em
crônicas, prosas, poemas, uma das minhas
leituras sobre o amor. O amor é pessimista, melancólico, saudosista e até libertino. Aos bons entendedores é óbvio o
sentido detrás das palavras tristes. O
amor aguça a sensibilidade, e os que tem o tino para este comércio, farejam de
longe qual for a emoção. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
(E ao ler, os que se consideram amantes em potencial,
pensarão: Libertino? Comércio? Ela nada sabe sobre o amor!) <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu
imagino o olhar triste deste homem ao escrever cada uma de suas palavras e
quisera ter nascido a tempo de conhecê-lo antes de seu último suspiro. Ainda me soa estranho homens que falam de amor
tão justamente e com conhecimento de causa. Verdade seja dita, ainda que os
maiores nomes sobre o assunto sejam masculinos, em nosso dia a dia poucos são
os que dissertam sobre o amor de maneira tão sincera. (E eu tive o prazer de conhecer um!)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Minha
primeira leitura sobre o amor foi assim. Baseada em cores cruas, sem textura,
frias, frígidas, maçantes, ingratas, inconstantes, egoístas. E há quem pense
que isso não é amor! E há o meu pensamento de que o amor é assim, lhe deixa a
flor da pele e suscetível ao menor resquício de impaciência que possa existir
no olhar dele. E poucas são as pessoas que interpretaram Álvares, Olavo e Augusto
desta forma. Eis a forma mais exata de se definir o amor. Exata e para poucos
neste mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É certo
o tanto adoro falar sobre flores, sorriso e gosto de morango. Tão certo quanto
são lindos os dias de sol ao lado dele. Mas a continuidade é marcada pelas
tempestades e pelo gosto de creme de barbear que aparecem ao menos uma vez por
semana. E isso é o amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A nova
e última não passa de uma releitura. Agora não só na teoria, mas vivenciada a
cada encher e esvaziar de ar dos pulmões. Desde a primeira impressão, ao primeiro
erro, e o último sorriso. E todas as sensações que mantém vivo o que muitas
pessoas deixam morrer todo dia. Se depois de um terremoto, se reconstrói cada
minúscula casa, existem dois sentidos: você não quer se mudar e vale a pena se
manter naquele local. O sentimento mais lindo do mundo é coisa de perdedores,
pois só os perdedores continuam lutando em prol do que tanto querem. Só os perdedores
têm a sensibilidade para rever os erros e continuar lutando mesmo quando todo
mundo os chama de fracassados. O que é o fracasso para quem ama? Um impulso de
uma cama elástica. Uma psicologia reversa. Um tanque cheio de gasolina. Uma
xícara de café nos momentos de sono. Uma noite bem dormida para quem precisa
trabalhar no outro dia. O nascer do sol para quem precisa de inspiração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E se me
perguntam o que é o amor, creio que eu defina de uma maneira diferente como
meus grandes orientadores. Amar é optar pelo cultivo de seus próprios espinhos.
É não se importar quando se é machucado e em alguns pontos até gostar da
ferida. É entupir suas narinas para que ele possa respirar. É sentir o gosto de
creme de barbear, escovar os dentes, sentir, escovar de novo e estar sempre
comprando novas escovas. Porque vale a pena sentir o gosto ruim vez ou outra. É
ter dois reais na carteira e comprar dois pacotes de miojo ao invés de uma coxinha.
Ceder o melhor travesseiro, ter sempre o colo afofado, engolir o ódio e forçar
que se está calmo para que ele não quebre o mundo na porrada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É o
primeiro e último pensamento do dia, sendo também o motivo tanto de sonhos
quanto de pesadelos. O motivo dos
sorrisos mais bobos e das lágrimas mais sofridas. Amar é não se importar em
ferir seu orgulho, em deixar de ter espaço, em ser jogado pra fora da cama, em
ser taxado de idiota, e tantos outros rótulos que os reprimidos inventam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que os
utópicos me perdoem ao romper o conceito de amor que querem defender. Que os
reprimidos aceitem que não amam por não saberem amar. Que os invejosos amem
alguém e passem a ver o quanto isso é bom e real. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sim. A
minha leitura do amor não é perfeita e bela, é simplesmente honesta como um
jornal de 25 centavos cheio de tragédia. Não tem muitas cores e nem as famosas
borboletas no estômago. A minha visão mal do século tem uma certa tristeza
enrustida. Assim é o amor, te massacrando o tempo todo para que você se torne
uma pessoa melhor simplesmente para ter mais sorrisos e olhares ternos, para
ver no outro o bem estar que quer para si mesmo. Ficar instável ou numa linha
de trem esperando apenas ser atropelado para se recuperar e lá ficar novamente.
Mesmo que isto custe a sua vida. Afinal, nada mais é só seu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu vou construir a minha vida em cima de uma
placa tectônica! Isto sim me representa
o amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
* <span style="font-size: x-small;">Meu
espinho está personificado e datado com
26 invernos. Tem em torno de um metro e
meio de altura, cabelo escorrido, olhos pequenos, um mau humor gigantesco e o sorriso mais sedutor do mundo.</span><o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-10333169688321337962013-03-01T21:28:00.002-08:002013-03-01T21:28:41.106-08:00Do paraíso ao inferno<br />
Jack sempre teve hábitos e pensamentos diferentes. Diferentes e inconstantes. (Doutor, eu e Jack temos muito em comum). Era o típico homem que nenhuma mulher jamais possuiria por completo. Seus impulsos cerebrais atravessavam labirintos até chegar ao destino final. Era tipicamente uma pessoa complicada, sistemática e muitas vezes rabugenta. O carinho comigo era um tanto diferente do que possuía com as outras pessoas. E eu nunca soube explicar o porquê, nem mesmo procurar muito a fundo. Ele é fascinante aos meus olhos, como um quebra-cabeças que não possui todas as peças e cada uma das que falta foi deixada numa galáxia diferente pra evitar que seja montado. Eu jamais visitaria galáxias por Jack, por mais que ele merecesse. Quem sabe não crio minhas próprias peças-coringa?<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Aquela noite, ouvi um pedido de socorro. Mas estava presa e não conseguia me direcionar a estender as mãos. Sinceramente não sabia de onde vinha aquela voz. Mas estava sofrida ao ponto de não me assustar, e sim me dar aquele nó na garganta que quase puxa as lágrimas em ato reflexo. Um tipo de nó diferente. Os nós normais seriam desfeitos facilmente pelas amídalas. E de repente foi como se meus sentidos fossem sufocados e ‘tchun’, lá estava eu em outro lugar diferente, vendo Jack sem que ele pudesse me ver.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Era noite, e aquele lugar onde Jack estava foi meu templo durante alguns anos. Passada a rodoviária e a Igreja, descia-se o escadão, depois um enorme morro, mais uma Igreja e então o para-peito dos meus maiores e mais fiéis pensamentos. A Igreja abandonada, as pequenas muretas, chão de pedras, de um lado árvores, do outro a frente da Igreja e do outro a visão da cidade triste e uma passagem por um lugar, que era agitado demais. Sempre achava estranho como eu pude encontrar meu canto de reflexão há alguns metros acima de uma rua tão agitada onde circulava tudo o que sempre me deixava tão confusa. Só sei que ali era como se não houvesse mentiras. Nem de mim pra mim mesma. E pelo visto Jack andava passando por algo que o levasse ali, onde ele não conseguiria conter seu emocional com ações fortes e calculadas.<br />
Jack tinha os olhos alagados. Seu rosto exprimia algo como uma faca cravada por um amigo nas costas. Até seus movimentos eram dignos de alguém que estava perdido em si mesmo. O olhar para as estrelas conseguiu com que ele apagasse uma. Sua situação era como raiva e tristeza juntas, a tristeza era a parte sólida e a raiva a cobertura. Suas mãos me pareciam geladas, a boca estava seca e o coração aos pedaços.<br />
<br />
(Doutor, eu sei de uma coisa: ninguém merece o amor de Jack! Traíram novamente a confiança dele. Eu não quero que Jack fique assim, me volta pro meu corpo agora, está ouvindo?)<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
De repente, pelo outro caminho surge Ana. (Ana? O que você está fazendo aqui? Você e Jack nunca se encontram. Como assim? Doutor parece que isso tudo está acontecendo dentro de mim. Ajude-me doutor. Algo de ruim está me tomando. Ah Doutor. Não me deixa assim).<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Ana vai rumando a Jack. Não o olha nos olhos. Apenas assenta-se a seu lado. Ana é o símbolo da calma. É do tipo que sempre vê um lado nas coisas que não existe. Ana é o perdão personificado. Ela sempre está pronta para as coisas que dão errado. Pronta a um ponto desprezível, que rebaixa seu próprio valor. Em sã consciência, Ana é do tipo que me dá ódio, mas quando meu coração está mexido, é ela que guia minhas ações.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Jack olha pra Ana, dando de ombros com o subliminar, ‘sei que você já sabe’ e dentro de Jack, vejo o “Ó Ana, não me julgue por favor”. Subitamente ele começa a falar. Sua voz está trêmula como se as lágrimas estivessem vibrando suas cordas vocais.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Hoje é sexta. Aquela sexta desde então não sai da minha cabeça. E desde então todas as sextas são iguais.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Jack percebe que está falando de uma forma que quase nunca fala. Jack estava sendo claro, e isso o assustava. Então vira-se de costas pra Ana, olhando para a frente da Igreja e evitando ver qualquer coisa que possa se mover e desconcentrar seus pensamentos ao ponto de levá-lo a ser direto demais . Conheço Jack, ele estava culpando o movimento da cidade a uma distância incalculável, por sua frase simples. Jack não aceitava nunca se tornar simples e previsível.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Todos temos atitudes pecaminosas, eu sei Ana. Mas estas não podem ser voltadas contra alguém. Atitudes não são jogos. Não é azar ou sorte, as vezes guiado por estratégias, mas sempre nas mãos do destino. Não Ana. Uma atitude soou como um tiro pra mim. E uma atitude pecaminosa num momento em que eu estava sendo o pecado.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Ele articulava os braços em gestos que o fazia chorar com as mãos. Jack estava realmente muito agoniado.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
(Ó Jack! Ela não te merece. Ninguém te merece! Mas se é por pecado, pensa no tanto delas que te procura e que faria tudo por você. Foque-se Jack. Você não precisa disso. Foi um encanto idiota. Só isso.)<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Hoje vejo aquelas madrugadas de conversa como tempo perdido. Deveria ter praticado meu ócio criativo Ana. Perdi algumas horas das que mais gosto partilhando com ela um pouco de meu mundo paralelo. Os diálogos Ana eram fascinantes, me entorpeciam. Sorri sozinho algumas vezes pensando nela, sem nada, só por pensar nela. Sou um apreciador das boas companhias. E ela assim se mostrou antes de me magoar. Me magoar é pouco. Quando fecho os olhos, a imagem me vem com mínimos detalhes, das mãos dadas à cabeça no ombro. Um trauma Ana. É isso. Só assim se define.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Ana que nunca falava gaguejou uma frase com medo do que Jack iria achar:<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Pense no que veio antes, apenas.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Antes? Há! Ana, o antes é apagado quando se comete erro. Você não é mais antes, você se torna adiante. Aquele brinquedo inofensivo torna-se mais ameaçador que um pacto com o demônio. A graça se perde exatamente no momento em que se pergunta o por quê. Ele não existe Ana. A piadinha que parecia tão intelectual e que despertou tanto de mim hoje me soa como uma perda de tempo e meu fracasso rumo às pessoas que não prestam. Ali está materializado o alicerce da minha tristeza. E algo que me descontraiu durante algumas tardes hoje me abaixa os olhos e trás ainda mais a visão. Uma visão que sempre vem sem nada, mas quando está por perto, vem mais. É um lixo. Ali está a minha derrota.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Eu sentia o coração de Jack bater, até pedir para saltar pela boca. Os olhos eram agora o Oceano Pacífico, e ele estava se encolhendo. Eu via a hora em que se tornaria um caracol. Jack sempre combinou mais com as girafas, esguias e sem medo da cabeça na altura. Jack agora parecia sentir vergonha e querer sumir. Ana observava e o fato dela não estar tentando convencer Jack me assustava. Nem Ana saberia o consolar. Eu quero matar essa infeliz que arranca lágrimas de Jack.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Eu sei perder Ana. Passei por isso muitas vezes. Mas o que se vê dói mais. É como ver um último suspiro de uma pessoa antes da travessia. Só comparo essa situação ao último olhar da minha cachorrinha há uns atrás. Lembro da carinha dela antes de me abandonar, a imagem se forma nos detalhes. Pode parecer uma analogia besta Ana. Mas lembro daquela cena como o último momento da minha melhor amiga. E desde então as sextas perderam o sentido...<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Ouça as explicações.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- Já ouvi. Defeito das pessoas muito cheias de si, me soou como algo facilmente esquecível. As coisas não são assim Ana. Me sinto por dentro como um livro de antropologia que conta uma história chata, mas que você pode tentar achar a explicação. E pode ser ele. E pode não ser. Essa vida é uma ironia. Sei que não tenho o controle de tudo, mas qual a resposta? Como múltipla escolha, ou é aquilo ou aquilo outro e pronto. Simples assim. É disso que preciso. E me pergunto, isso vai se repetir? Como se tornou a relação depois daquilo. Eu não sei de nada Ana. Nada.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
(Doutor, Jack continua com ela. Sempre que ele quer achar as explicações é porque ainda acredita ser possível engolir. Jack, isso é uma cactus. Antes de você engolir, vai demorar a descer e machucar tanto a sua garganta. Cospe!!! É uma ordem.)<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
- E agora, todas as sextas me trazem de volta a mesma tristeza. E agora ainda mais, porque me afundei na parte boa dela. Me compliquei. Minha cabeça é um labirinto. O que eu sinto é forte, o que eu falo é pouco, o que demonstro não sei. Ainda faço tudo por ela. Fui assim por poucas pessoas nessa vida. E não vou me perguntar o por quê para que não perca novamente o encanto. Eu não sei que rumo as coisas tomaram. Era meu paraíso, tornou-se meu abismo e minha assinatura de fracassado. O que é agora Ana? O que? O que ela quer?<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Ana levantou-se.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
(Não Ana, não. Te conheço. Não deixe Jack ser ridículo, abra os olhos dele. Você é desprezível Ana. Eu odeio você!)<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
Ana , enxugou as lágrimas de Jack e lhe deu um forte abraço.<br />
<br />
<br />
O abraço de Ana foi o inferno de Jack. Ele queria voar, mas não podia mais. Pelo visto Jack finalmente entregou a alguém sua alma.<br />
<br />
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-19084497268229490412013-02-09T00:16:00.003-08:002013-02-09T00:16:45.255-08:00Abismo<br />
<div class="MsoNormal">
Ando
ensaiando alguns discursos pra algumas fases da minha vida. Certos textos
pré-elaborados, podem ser usados para mais de uma pessoa e para mais de mil
situações. Uma adaptação daqui, outra dali, mudanças nos pronomes de
tratamento, emprego certo do ‘jeitinho brasileiro’, e pronto. Metade dos meus
problemas são resolvidos. Em alguns casos mudo a voz, o jeito de olhar, mas
nada que me exija mais de 3 segundos de pensamento puramente mecânico. Tenho
uma queda sentimental pela teoria dos 3 segundos. Uma vez aprendida, o mundo
nunca mais foi visto do mesmo jeito por mim. Se você tiver o controle da
situação, feita qualquer que seja a ‘cagada’, você tem 3 segundos para alcançar
o inconsciente de quem foi atingido pelo erro e mudar. Mas apenas 3 segundos,
então, raciocine rápido ou nunca se dê a condição de errante. E então eu
descobri a fórmula que possivelmente acabaria com a maior parte dos meus
problemas da vida: regra dos 3 segundos + discursos pré-elaborados. Pronto. Com
isso sua chance de ser um ganhador aumenta em aproximadamente 25%. Parece
pouco, mas comece a ver por esse ângulo a partir de agora e esses 25%, são na
maioria das vezes tudo o que você precisa! </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Doutor, me ajuda. Comecei com minhas teorias malucas de
novo. Onde está o senhor? Creio que deveria ser um deus para mim. Embora eu
sempre o mande calar a boca, a sua presença me faz bem.”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A verdade é que nesse momento, os discursos que eu tinha
falharam. Como assim? Estou sem palavras? Confusa? Natália, você sempre teve o
controle da situação... Acorda Natália, o que causou essa interferência em seus
pensamentos? Auto controle... Auto contro... Aut...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jack é assim como eu. Também tem pensamentos estranhos e
também é uma pessoa que não faz muito sentido. Por isso nossa amizade deu certo
de cara. Jack é um homem encantador. Não me olha nos olhos, me questiona e me
intriga. Aparece apenas quando sente que preciso de seu ombro amigo. E ri de
mim quando estou assim sensível. Jack só aparece quando estou sensível e há um
passo da beira do abismo. O abismo para nós dois tem uma conotação diferente,
onde o resto do mundo chamaria de oasis ou paraíso. Essa noite, Jack apareceu.
Sentou-se a beira da minha cama, afagou meus cabelos me pedindo que não abrisse
os olhos. Simplesmente curvou-se contra meu rosto e disse sussurrando em meus
ouvidos:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Admita!” </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Após isso, já não havia mais a presença da energia de Jack,
ele se fora me deixando novamente com mil interrogações dentro da cabeça. Ah
Jack! Por que você faz isso comigo? O abismo está há poucos centímetros de mim
e você quer que eu admita? Como assim admita? Você está abalando a nossa
amizade. Estamos em uma placa tectônica dessa vez. Jack, já não existe mais
Pangeia, repense esses seus atos. Você me fez chorar hoje. E isso não é nem um
pouco elegante. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Doutor, você e Jack estão me apunhalando pelas costas. Onde
compraram essas adagas? Parecem ter a mesma afiação.”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A frase de Jack, constituída de uma única palavra, um verbo
no imperativo me soou muito mal e alojou-se dentro de mim de uma maneira
insuportável. E eu acordei em plena madrugada, quando normalmente não estou
dormindo (A madrugada é linda pra perder tempo com os olhos fechados)
atormentada. E o ADMITA cravou-se, me deixando refém do meu conjunto, corpo,
alma e pensamentos. E aí sim, quem tinha
o escudo dos 3 segundos mais discursos pré-elaborados, tornou-se um espírito
fracassado numa proporção de aproximadamente 50% mais que das outras vezes. E isso
estava me deixando incomparavelmente irritada. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao longo do dia, nada fazia sentido, só a frase de Jack e os
mistérios que o doutor jogava no ar. A sensação de asfixia foi dominando. E mal
da criatura que não sabe desabafar: se sufoca até que alguém chegue e encha forçadamente
seus pulmões. Sufocar-se conscientemente
é impossível. Bom, pra mim não. E aí, antes de admitir que você precisa de
ajuda, antes de se mostrar vulnerável, o consolo de todo humano que se preze:
um boteco. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Doutor, hoje eu vou me embriagar. De raiva. Algo está me
deixando fraca, sugando minhas energias. Esse algo sou eu mesma e um sentimento
estranho que me deixa a mercê de minhas fraquezas. Eu jamais chamarei um abismo
de oasis. E me deparei com ele. Mas eu não vou pular. Ainda não. Não vou pular
até que esse seu rosto de galã de quinta categoria com esse sorriso que era pra
ser sexy e no entanto é nojento e a frase de Jack me mostrem que realmente
vocês tem razão. E o senhor se prepare, porque antes de cair, ainda o culparei
muito por não ter conseguido me curar desse mal. Lembra-se o porquê de eu ter o
procurado? Lembra-se o que aquele classificado de jornal onde achei seu número
prometia? O senhor pode ser processado
por isso. Está fazendo o contrário. Antes eu tivesse vendido minha alma pro
diabo...”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma dose, duas doses, três doses e o mesmo pensamento. Que
pensamento é esse que anda me corroendo? Essa coisa estranha que me deixa em
estado de alarde desde aproximadamente 23 horas do dia 26 de dezembro? Como algo tão pequeno (literalmente) pode
ocupar tanto espaço? Eu cavei meu abismo! Eu cavei meu....</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Jack? Voltou? Não saia daqui agora. Não antes de me dar uma
explicação”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Admita! É a explicação que você merece.”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Num ato reflexo, com essas palavras mais teor alcoólico, junto
à visão do que considero meu abismo e pouco antes de desmaiar, vem a
consciência súbita e indevida e o ponto positivo pros meus maiores ‘ini-(a)migos’.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A Pangeia vai se transformar... </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Admito. Meus pensamentos são fieis a ele.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-55204881754134817012013-02-04T21:25:00.002-08:002013-02-04T21:25:55.070-08:00Onde um desafio pode levar<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Após percorrer algumas quadras em plena madrugada observando
a rua escura, com pequenos grunhidos de animais que nem sei quais são, fui
pensando em tudo o que me tem ocorrido ultimamente e que tem na maioria das vezes
me tirado o sono e me colocado em momentos de reflexão compulsivos: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>horas olhando para o teto, horas me arrancando
um sorriso idiota e sem motivo, horas me levando a sentar numa cadeira de
plástico no terraço e ter esse momento contemplativo, tido como uma cochilada
normal de alguém na laje. Eu queria ser como um desses bichos da
madrugada!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Preciso dizer isso ao Doutor).
Sou uma pessoa boemia. Tenho fascínio pela noite e pelas suas possibilidades.
Gosto de passá-las acordada em boas companhias ou mesmo só fazendo coisas que
me agradam. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Lua é a paixão de qualquer
humano que se preze. O Sol também é belo, mas esquenta muito, clareia muito e
põe a vida dentro dos conformes. Não sou uma mulher de conformes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aliás, que tipo de mulher sou? Tenho uma
opinião formada, mas creio que essa opinião muitas vezes tenha o poder de
assustar e até mesmo afastar as pessoas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Sou como qualquer outra, às vezes, confesso um pouco mais sensível e com
dilemas que me tornam problemática. Mas tenho as vontades de uma mulher normal
em ter uma vida legal, ao lado de uma pessoa legal, uma velhice legal. Coisas clichês,
que, no entanto se diferenciam pela minha maneira de ver o mundo e pelos meus
gostos que confesso, não são na maioria das vezes nos padrões <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>das pessoas que são julgadas corretas no
mundo. Mas quem é correto no mundo? Ah, não me importo. Tudo tem seu momento
certo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Então,
depois de umas quadras envolvidas em tantos pensamentos que não tem uma lógica
ou continuidade sequer, chego ao destino final. Aquela casa velha, rústica, com
aquele divã onde sento e posso contar todas as minhas verdades.
Desenfreadamente dou meus delicados toques na porta. O Doutor sempre sabe
quando preciso dele nesses momentos de emergência existencial.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Doutor, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>abre essa
porta. Preciso muito conversar com você!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele vem, enrolado em seu roupão, e com toda a gentileza do
mundo abre a porta com aquele sorriso que me leva à loucura por me trazer todo
o conforto do mundo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Você por aqui noturna? Já era de se esperar. Há tempos
sequer manda sinal de fumaça. Aliás, já conversamos sobre a fumaça. Espero que
tenha se afastado ao menos um pouco dela.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Sim Doutor, as vezes sigo os seus conselhos, acredite em
mim. Será que podemos conversar um pouco? Há algo em mim que anda me sufocando
e sei que subjetivamente ao lhe contar você saberá do que se trata e me dará
nem que seja o olhar certo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Entre noturna. Sei que quando algo lhe deixa assim o meu
divã é o que precisa para se abrir. Mas enfim, você se abre em enigmas. És uma
mulher bem estranha. Creio que tenha dificuldade em conviver com as outras
pessoas ou que use máscaras para elas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E
acho que será assim até que encontre outra pessoa que lhe compreenda do seu
jeito. Aí sim se sentirá mais solta. Ou alguém que lhe conheça nas entrelinhas.
Mas venha comigo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
‘Vade mecum’ e sente-se. Vamos começar. E dessa vez, faça o
monólogo se necessário.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Doutor. Eu queria ser um bicho da noite. Como os que ouvi
quando vinha pra cá. Esse fetiche pelo céu escuro nunca se cura. É nas noites
que vivo, nas noites que sinto, nas noites que me encontro. Como uma coruja, um
morcego, um vampiro. ..</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele me interrompe abruptamente me fazendo virar do divã e
olhar para ele. Olhos nos olhos. Como odeio! Odeio olhos nos olhos Doutor.
Aprenda de uma vez isso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Querida, sei que deveria lhe deixar falar, mas sinto pela
sua voz e pela rapidez com que fala que está mudando o seu foco. Pare de fugir
do assunto. Quando você fala muito, eu sei que tenta se esconder. Vamos. Tome
essa xícara de café, feche os olhos e fale o que está acontecendo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Realmente me assustei. Não esperava essa reação dele. Mas
obedeci aos comandos e resolvi desenvolver o meu monólogo com toda a paz que eu
me propusesse a ter. E se não tivesse. Adeus xícara. Você vai pro espaço.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Doutor, eu estava esperando a passagem dos dias na busca
de minha inspiração. Eu tenho medo das inspirações. Desculpa Doutor, hoje tudo
será muito subjetivo. Se algum dia alguém souber do que digo, preciso ter sido
um pouco rebuscada para que a interpretação não seja tão fácil. A inteligência
tem me deixado pensando mil vezes antes de falar. Inteligência ou feeling pelo
assunto, ou técnicas estudadas. Não sei bem.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>O fato é que, tenho medo do jardim murchar. Tenho<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>medo de quantas flores possam ser arrancadas
dele. E de quantas pintas do dálmata podem sumir e do quanto o gel pode abaixar
algo que tanto me atrai.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sabe as coisas
impossíveis Doutor? Elas me movem e eu não me canso de lutar por elas. Dizem
que no impossível a concorrência é menor. Mentira Doutor. A concorrência é
maior e injusta. Composta pelos artigos mais belos de um antiquário, pelas
peças mais caras de uma joalheria, pela matéria esculpida em carne normal, mas
lapidada com perfeição não sei se por uma vaidade tola e fútil ou por uma
vaidade tola e fútil mesmo. Vejo beleza, uma beleza injusta, mas não vejo o que
a complementa, o que a torna bela e fundamental. E aí penso se estou julgando
demais. Ah! Justo! Estou Doutor. Estou julgando. Mas essa beleza sempre vence o
conteúdo. Isso me amedronta muito. Isso ameaça o jardim, ou a companhia que uma
vez disseram ser ideal. Doutor, esse meu prazer por coisas estranhas afasta e
coloca outras acima. E mais, até eu mesma as coloco acima. Onde está o amor
próprio em tudo isso? Não sei. Nunca me apontaram o porquê eu devesse o
ter.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu vejo a beleza por tantos os cantos
e murcho com ela. Sinto-me ameaçada. Mas é o impossível que me mantém. É por
ele que sinto razão e vontade ao lutar. Os desafios... Ah Doutor eu sou viciada
em desafios. Ainda mais desafios das noites. E quando noites e desafios se
completam, é fato. Eu perco a cabeça.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Querida, desafios são as tarefas ou situações que testam
habilidades ou o ato de lutar para conquistar algo ou alguma coisa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Comecei ainda bem nova por essa etapa. Sempre desafiei
tudo o que pude. Sem medo algum de perder. Mas na maioria das vezes eu ganhei
com êxito. Como nos festivais de poemas da escola, às olimpíadas de matemática,
às propostas aos meus pais, vestibulares, graduações, amores a primeira vista,
o sorriso do cara carrancudo e mal humorado que ninguém pensava conseguir.
Doutor, o que é intangível na teoria é a coisa mais linda do mundo. Gosto do
intocável, do inalcançável, do que se faz impossível pra mim. Do que me
intimida e me desafia. Me desperta lágrimas e sorrisos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- E qual a sua dúvida?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Devo tratar como desafio ou como algo imaculado e
respeitar ficando simplesmente nesse platonismo tão lindo que cultivo e que me
faz bem/mal/sorrir/chorar... Luto pelo inalcançável, mesmo sendo a concorrência
injusta e bela? Calo-me? Mostro-me? O que faço Doutor? Eu amo desafios. Mas
este está me levando à loucura. Já não seria a hora de ver que devo me curvar e
que esse desafio me venceu? Deixá-lo como algo imaculado é o melhor? Ou devo
continuar na busca do toque e entrar nessa guerra? Ah Doutor, me olha, deixe-me
vê-lo e aceitar o que seu olhar vai me<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>mostrar mais uma vez o que suas palavras vão diriam.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Noturna, não terás apenas meu olhar. Esse seu prazer pela
noite, talvez diga tudo o que alguém deve escutar. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- O que acha sobre essa situação Doutor?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Posso definir a
você com quatro letras ou com seis letras. Qual você prefere?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Prefiro que o senhor cale a boca. A Lua ainda está muito
bela. Preciso ir embora pensar no imaculado sem essas suas definições. Elas me amedrontam.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-68328525149015700122012-12-29T20:10:00.001-08:002012-12-29T20:10:53.324-08:00Um pouco de tudo o que acaba<!--[if gte mso 9]><xml>
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<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal">
Vou me formando de um pouco de tudo o que acaba, e
obviamente de tudo o que sempre permanece. Dos primeiros<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aos últimos intercalando os eternos.</div>
<div class="MsoNormal">
Sou um pouco da minha primeira boneca, do primeiro batom, do
primeiro perfume. Do meu primeiro passeio de pedalinho,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do primeiro algodão doce, do primeiro
beliscão, do primeiro castigo e do primeiro 10 na escola. Do primeiro beijo, da
primeira vez, do primeiro amor, da primeira decepção. Do primeiro chifre, da
primeira poesia e da primeira música que compus. Do primeiro porre, da primeira
sms que mandei entorpecida, da primeira lágrima de amor, do primeiro abraço de
perdão. Do primeiro colo que me consolou, do primeiro Eu te amo dito
publicamente e da primeira lembrança de todas as primeiras coisas.</div>
<div class="MsoNormal">
Sou muito dos últimos acontecimentos. Do último fracasso na
faculdade, da última crise de depressão, do último beijo, do último perfume que
impregnou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>meus travesseiros. Da última
bebedeira pra esquecer o que se quer é esquecível, da última vez, do último
amor, da última vontade e da última coisa que me fez chorar.</div>
<div class="MsoNormal">
Assim são todas as pessoas. Uma parte daquilo que é primeiro
ou que é último, mas que faz parte daquele momento que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>te marcou a memória, o coração e as vezes até
o corpo. </div>
<div class="MsoNormal">
O fato é que somos parte de tudo o que acaba. E tudo acaba o
tempo todo em qualquer parte do mundo. </div>
<div class="MsoNormal">
Em alguns segundos você pode deixar de ser parte dos planos
de alguém e pode ser o suspiro de outro. Pode arrancar um sorriso bobo, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma lágrima, um calafrio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Você é desde aquela inicial gravada numa
árvore àquele arranhão que marcou alguém por amor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Você se eterniza a cada ação que deixou em
alguém a nível físico ou sentimental. Por isso cada momento é importante.</div>
<div class="MsoNormal">
Somos feitos de instantes assim como os quebra-cabeças são
feitos de pequenas peças e um castelo pode ser montado de lego ou areia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
Sou aquele café da manhã que preparei com carinho e servi na
cama. Aquele machucado deixado sem pudor numa situação sem mais pudor ainda.
Aquela primeira vez daquele menino bobo e apaixonante.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aquela má resposta naquele outro. Aquele
sofrimento da adolescência de outro. Uma carta de amor no fundo da gaveta já
mofada após 15 anos, o motivo de uns terem aprendido a nadar e de outros terem
afogado. Aquela piada que não parecia ter a menor graça, mas se encaixou em uma
situação, aquele lugar, aquele cheiro de morangos e aquele motivo de brigas. </div>
<div class="MsoNormal">
Quero ser aquele motivo de risos dele. Aquele telefone na
agenda com magnetismo com os dedos, aquele jardim bem cuidado com rosas que
espinham apenas quando se sentem ameaçadas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quero ser o plano de alguém, o colo, o
conforto, a companhia. Quero ser o motivo de discussões interessantes e de
gargalhadas bem dadas nos momentos mais errados para aliviar a tensão. </div>
<div class="MsoNormal">
Quero ser a tensão sem o n, roma ao contrário, o motivo de
se mostrar os dentes numa posição arqueada formando um ‘U’, o que parece nó na
garganta e é frio na barriga, o coração após chegar de uma corrida de São
Silvestre, a primeira gota de água após 30 minutos pedalando no sol de meio
dia, o oposto ao pesadelo, o inverso de sanidade, a tremedeira nas pernas, o
que vem na cabeça quando se quer pensar em outra coisa, o cobertor, o café
quente sem açúcar, o último fósforo e a última vela quando a luz acaba, a única
dose de conhaque que se tem em casa no inverno, o rolador de dados necessário
nas horas de solidão...</div>
<div class="MsoNormal">
Aproveite <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e se faça
nos momentos. Somos realmente uma parte de tudo que acaba. E pequenos instantes
são as chances de se conquistar o que se quer. Faça uma boa imagem em poucos segundos. Isso pode custar a sua felicidade.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-50364852012227777872012-12-28T11:42:00.000-08:002012-12-28T11:43:43.231-08:00TransformaçãoE um dia a gente se
olha no espelho e já não é mais a mesma pessoa. O tempo passou... Já
existem marcas de expressão, olheiras, e um semblante mais adulto. Andar
de meias perde um pouco a graça, se quer pisar no chão para ter o
mínimo que se seja de realidade. Os sonhos mudam. Pintamos o arco-íris
em tons de branco, passando pelo cinza e chegando ao preto. Ou
preferimos ver o arco-íris somente quando ele aparecer. Começamos a ver
que as flores, bom, elas morrem, e nós não choramos por elas. Mas as
usamos quando morremos para que chorem sobre nós. Não meu amigo, quando
você morrer eu não vou lhe mandar uma coroa de flores! Vou lhe mandar
flores enquanto você estiver aqui comigo.<br />
O tempo passa e a gente nem
se dá conta, e de repente já se vê mulher. Com problemas de mulher,
assim como a mamãe várias vezes teve e agente achou que era velhice. E
hoje damos a essa velhice o nome de maturidade. Todos os dias uma dor,
um problema a resolver, reclamações, noites não dormidas. E aí a busca
do que uma vez vi chamarem de "alegria artifical". A cápsula da
tranquilidade, da felicidade. Me viciei nelas, mas ainda não me sinto
tranquila ou feliz o bastante. Sem o equilíbrio elas não são nada. A
vida da gente só muda quando resolvemos que ela deve mudar.<br />
Hoje, me
vejo mais mulher e decidi que ela deve mudar. O amor, bom, ele as vezes
passa como as flores, as vezes deixa seu perfume, as vezes só as folhas
secas. Talvez o pássaro que ama o peixe vai viver pensando nele sem
poder tocá-lo. Talvez ele atinja o equilíbrio e possam se encontrar as
vezes na superfície da água, à margem de algum rio. Talvez o pássaro
aprenda a nadar, e dar mergulhos profundos, ou o peixe aprenda a voar.<br />
Talvez
eu aprenda a ser mulher. Talvez você aprenda a ser meu amigo. Talvez
saibamos a hora certa de mandar as flores... aprendamos a cultivar um
canteiro. E com isso pode ser que eu aprenda até a hora de dar os
telefonemas. E de reclamar da dor. E de tomar as minhas pílulas. A
verdade é que hoje despertei para algo que existe dentro de mim, uma
pessoa querendo ser madura com a doçura de uma criança. O tempo, ele
passa para todos nós. É! Ele não volta atrás... Não, não quero mais
tempo. Quero sorrir, e encarar a "velhice" como a mamãe. E ter as minhas
responsabilidades. E meus sonhos um tanto quanto modificados.<br />
Sabe,
as vezes a vida é dura demais com a gente. <br />
<div align="center">
</div>
<div align="center">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-71551902720606100922012-12-28T09:54:00.005-08:002012-12-28T09:56:32.893-08:00É a ela que ele ama<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E
todas as noite é nos braços dela que ele vai desejar dormir. Por
mais que você faça o possível pra que ele chegue a fechar os olhos
nos seus. Ele nunca vai pegar no sono. Ele nunca vai sonhar ao seu
lado. Nas madrugadas ele sempre vai se levantar. E por mais que ele
insista que você é linda enquanto dorme é nela que ele vai estar
pensando. E de repente quando você acordar e ele não estiver ao seu
lado e você encontrá-lo em algum canto da sala, nunca acredite na
hipótese da insônia. Ela é a insônia dele... E sempre será. </div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ele
vai procurar em você os perfumes dela, o jeito dela se vestir, de
arrumar os cabelos, de sorrir... Ele vai procurar em você os
defeitos dela. E de repente sem pensar ele vai te envolver numa
comparação com ela. E aí vai dizer que foi sem querer. É no
sorriso dela que ele pensa quando vê o seu. Desde a maneira de mexer
os lábios até o brilho dos olhos. E é na burrice dela que ele
pensa quando vê a sua inteligência. Se eu falo de política ele
acha uma gracinha quando ela fala sobre os 10 mais gostosos da
televisão brasileira. Você pode se dedicar exclusivamente a ele,
mas isso não vai mudar nada. Por mais que ele veja em você a menina
boa, pura, inocente, que o mundo sempre fez questão, por mais que
ele saiba que a melhor opção é te amar, por mais que ele molde o
amor por você, o amor não tem forma. Ele sempre vai amá-la, com
todos os defeitos. </div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É pra ela que ele vai correr quando você for um
pouco mais severa com ele. E é nos lenços de papel do banheiro dela
que ele vai enxugar as suas lágrimas. Lágrimas que muitas vezes
você não quis deixar cair. Ele não pode impor que deve te amar.
Ele não vai conseguir isso. Vai te fazer feliz apenas por ilusões e
promessas. Que jamais serão cumpridas. Não porque ele não quer.
Mas porque ele não pode. Ele não pode criar o amor... Nunca vai
poder. Ele precisa apenas aceitar o amor que sente por ela. E não
procurar em você o modelo de amor perfeito. Sensibilidade, carisma,
tudo em vão... Ele ainda usa o sabonete que ela gosta. Ele ainda usa
o desodorante que ela gosta. O celular dele ainda tem o toque que ela
escolheu. O tempo passa pra ele no tempo dela. E ele te tem nos
braços dele querendo encontrar algo dela em você. Alguma rendinha
numa camisola, alguma música, alguma comida que você se aproxime da
dela. É nela que ele vai pensar sempre... Sempre... E em você como
um degrau pra perfeição de um amor que nunca vai existir. Ele não
tem ela como dona dele. Mas o coração dele definitivamente só
pensa nela...</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-13108047665537175262012-12-26T11:31:00.000-08:002012-12-26T11:31:46.148-08:00Tudo se compõe e se decompõe
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"><strong>Se
encontraram por acaso, em uma dessas esquinas de qualquer rua, em uma
coincidência sem fim. Ela deixou seu coração cair sem querer e ele
pegou, também sem querer. Nenhum dois dois queria, mas o destino
lhes negou o querer. O mesmo destino que queria que fossem felizes
não deixou que optassem por serem felizes sós. Tinha que os unir de
alguma forma. Por bem, ou por mal, como fora. Por mal porque não
eram maduros o suficiente para se envolver. Ela sem medo, ele com
todo o medo do mundo. Medo esse que os fizeram se desentender várias
vezes. Assim como os sonhos dela. Não havia muito equilíbrio. Ela
sonhava e ele o acordava nos ápices dos sonhos. Mas mesmo assim
tentaram, achavam que valia pena. Como realmente valia.<br />De repente
os dois eram um só. Ele aprendeu a sonhar uma vez por semana, e ela
a ser realista e assistir os telejornais. Daquele encontro por acaso,
uma paixão desenfreada, louca e dessa um amor intenso e extremamente
impulsivo. Assumiram o sentimento. Isso depois que ela viu que no
fundo ele era um menino sensível, que só tinha medo do mundo. E ele
viu que ela não fugia por querer e sim por medo de se decepcionar.
Mas após uma proposta de namoro olhando profundamente nos olhos, o
amor foi posto em primeiro lugar. E todas as fobias foram
esquecidas.<br />Ele procurava sua primeira namorada. Ela encontrou
nele o seu primeiro amor de verdade. E aí foram rumo ao mundo,
enfrentando cada obstáculo. E como eram felizes! Entre uma
caipirinha e outra filosofavam sobre a vida. E no fim sempre chegavam
em casa brigando, mas no outro dia era colo, eu te amo, pipoca,
brigadeiro e a eterna certeza de que eram almas gêmeas. Se
identificavam até nos joguinhos preferidos de video-game. Assim
passavam tardes brincando como crianças e realmente tinham alma de
crianças. Sem querer se xingavam como crianças e depois estavam mil
maravilhas de novo! Todo mundo achava lindo a forma como se tratavam,
engraçada ao menos. Piadas, brincadeiras, uma alegria contagiante.
Ela as vezes bebia e falava um monte de bobeiras e ele ficava quase
roxo de vergonha. Assumiam tudo o que faziam, assim como o que ainda
não faziam. Assim como quando fizeram. Era tudo especial entre eles.
Novidades para os dois, um mundo que ainda não tinham
provado.<br />Devagar foram se descobrindo. Viram coincidências demais
em suas vidas. Desde as piores até as melhores. Ele achava ela a
menina mais linda do mundo, olhava em seus olhos e com sua pureza a
fazia acreditar. Ela tinha a impressão de que até então só tinha
tomado água e de repente tinha conhecido os sucos e refrigerantes.
Formavam o casal perfeito. Até nos defeitos. Dormiam por horas e
mais horas e achavam graça de somente dormirem juntos. Se viciaram.
Ela nele e ele nela. A vida de um não fazia mais sentido sem o
outro. Nenhum sentido. Ele aprendeu a chorar nos braços dela. Ela
aprendeu a se consolar nos braços dele. E tudo foi perdendo tanto o
sentido que um passou a viver para o outro.<br />Erraram muito. Ela com
ele e ele com ela. Até que ela precisou abrir mão de um grande
sonho. Teve que acordar como ele tentou fazer muitas vezes. Mas ele
ficou ao lado dela mesmo acordada. E ele foi incentivado por ela a
sonhar. E ela acreditava nos sonhos dele. Ela tinha muito orgulho
dele, sabia que ele podia ir mais longe do que pensava. E assim foram
trocando conceitos de vida. Sempre!<br />Chegou um a um ponto em que a
imaturidade de ambos falou mais alto. E ao mesmo tempo um senso de
maturidade. Sabiam que já não podiam viver mais um pro outro. Ainda
havia muito a ser feito pelo mundo. Começaram a se desesntender em
torno de 10 vezes ao dia. E a chorar de sofrimento mais que por
emoção. Ele já não a deixava sonhar nem um pouco e ela começou a
falar bobeiras enquanto ele via os telejornais. Isso irritava
totalmente os dois. Começaram a se destratar, a mexer nas feridas.
Sempre mexiam no que mais machucava. Já não tinham mais o dom de
jogar video-game pra esquecer, nem de fazer piadas. Cairam numa
relação doentia de amor e ódio. Regada por um ciúme sem fim.
Impaciência sempre, essa passou a ser a rotina deles. Ele já não
ia mais jogar futebol e ela já não se abria com as amigas.<br />Depois
disso passaram uma semana maravilhosa. Quase perfeita. Um vivia pelo
outro. Dormiram juntos todos os dias. Ela o esperava para almoçar
todos os dias. Ele chegava do serviço e tinha todo o carinho e amor
do mundo. Ouviram música, viram filmes, falaram bobeira, contaram
piada, saíam para passear e sempre olhavam para o céu e ficavam
ainda mais românticos. Ela estava radiante de felicidade. Ele
também. Achavam que ali haviam encontrado o equilíbrio para o amor
deles. Mas quando as coisas estão boas demais, é sinal de que algo
errado vai vir. Ele não confiou nela, lembrou de coisas ruins e não
acreditou nas palavras dela. Ela foi autoritária ao invés de
acalmá-lo. E aí se perderam numa esquina diferente da que se
encontraram. Ela chorou e ele se foi. Ambos com o coração no chão
novamente. Sem esperanças de que mais alguém vai encontrar. Ela só
quer que ele o pegue novamente. Ele ela não sabe. Ela tentou correr
atrás, ele também. Mas cada um correu no momento incorreto. E aí
não deu certo. Não conseguiram mais se encontrar. Ela não achou
mais o coração dele. Ela não sonha mais. Voltou a tomar água
novamente. Ele? Foi rumo ao mundo em busca de seus sonhos, que até
então não acreditava...<br />"Tudo se compõe e se
decompõe"...<br />Hoje, bom, não sei como ela está... Nem como
ele está por dentro. Ela em sua dose de realidade não vê sua vida
sem ele. Ele em sua dose de sonhos já não vê sua vida com ela...
Já não consegue parar de mexer nas feridas. Ele só vê as feridas.
Aprenderam a não se perdoar nunca. E ela, não está nem aí pra o
que o mundo pensa, ela só pensa nele... E ele, talvez queira que ela
tenha sido somente um pesadelo. </strong></span>
</div>
<span style="font-size: small;">
</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-61320534820436685072012-12-11T20:07:00.003-08:002012-12-11T20:07:41.276-08:00Irremediável<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Minha querida vovó passou pras nossas gerações, assim como tantos antigos sábios das filosofias populares passaram aos seus: “O que não tem remédio, remediado está". </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Ainda me lembro daquele rostinho envelhecido pelos 80 e poucos verões, com um sorriso sapeca (acho que a coisa mais linda que puxei dela), vestido de tecido de algodão com flores pequenas estampadas, cinto marcando o corpo já curvado pelo tempo e um perfume de rosas que não era perfume e sim o cheiro dela junto a seu implícito amor pelas flores. Assentada em sua cadeirinha de balanço, citava coisas que pra mim antes não tinha nenhum significado. Sabe vovó, hoje acho que mudei muito de opinião quanto às suas citações. Com o tempo, elas passaram a fazer um enorme sentindo em minha vida. E se daí de cima souber disso, me perdoe por tantas vezes achar que os seus ditados eram ‘caduquices’.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Creio que na maioria das vezes, a intensidade é o maior mal que podemos ter. Pode ser acústica, física, radioativa, sísmica. Se placas tectônicas não tivessem tanta intensidade em seus movimentos, não teríamos os terremotos. Se minha energia não tivesse tanta intensidade em sua propagação eu não teria essa sinergia abalada. Onde encontrar a fórmula física de equilíbrio da intensidade? Acho que Einstein foi embora rápido demais, um tanto antes de poder me estender as mãos.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Eu não tenho controle de intensidade quando penso em certas coisas. De repente parece que elas surgem como um meteoro ou estrela cadente e meus olhos e meu corpo vão seguindo até que o estrago seja feito. Desculpem-me os que acreditam nas estrelas cadentes, mas em seu destino final elas nunca realizarão seus desejos e ainda causarão algum dano onde caírem. Assim como os meteoros. Os coitados são sempre vistos como os ruins da história. Bem, a maioria das histórias são sempre mal contadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E vou criando analogias que por fim, nem eu mesma entendo, começando de uma antiga citação, passando pelos significados de intensidade, de meteoros e estrelas pra cair no que considero algo muito clichê e que só Paulinho Moska, Tom Jobim, Chico Buarque, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Otto e alguns outros de meus cantores/escritores preferidos tiveram o feeling para definir de maneira simples.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Então, começo, o que já está pela metade explícito e que nunca vai ter um final, com um trecho de Mário Lago (Aquele velhinho simpático, dos olhos claros que comovia nas novelas e muita gente nunca leu nem metade das coisas maravilhosas que ele fez):</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
“Chorar o que já chorei, fracasso eu sei</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Fracasso, por compreender que devo esquecer</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Fracasso, porque já sei que não esquecerei</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Fracasso, fracasso, fracasso, fracasso afinal</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Por querer tanto bem e me fazer tanto mal”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Tenho as lembranças filmadas em minha cabeça, algumas apenas fotografadas. Outras, sinto só de fechar os olhos. Algumas me arrancam sorrisos de canto de boca quando menos espero, outras me arrancam lágrimas. Algumas me fazem ter vontade de viver, outras não. Há ainda aquelas que ainda não consigo definir nem mesmo encontrar, mas que estão expostas escancaradamente no fundo dos meus olhos e mudaram meu jeito desde que percebi que tudo era irremediável.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Nenhuma migalha de tempo foi jogada fora - disso me orgulho. Foram muitas coisas bem aproveitadas, muitos momentos que posso escrever um livro que não sei se seria dramático, filosófico ou cômico. Mas algo me diz que esses momentos ainda não terminaram. Pelo menos sinto que minha participação na história ainda não se findou. E tento encerrá-la a ferro e fogo. Bom, isso parece piorar. E acreditar em destino e acaso me soa como a coisa mais ridícula do universo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Mas preciso ser forte. Preciso ter paciência e estudar o alvo. Não adianta flecha sem alvo!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E que então essa filosofia se implante em minha cabeça. Ainda não é tempo de ser flecha. Flechas podem acertar coisas erradas quando não são miradas direito. E nesse momento não quero ser um joguinho de dardos de crianças. A situação é séria. E não quero que um tapa na cara acabe novamente com todo o encanto que eu tenho. Receber esse tapa é simples, perdoar também, mas os danos agravados não são curados nem com um milhão de pontos de sangue.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Sinto que foi naquela manhã de sábado que tudo mudou. Bom, foi uma manhã inédita em minha vida. Quando acordei e observei,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>observei de um jeito diferente, tudo o que acontecia como sempre, aconteceu diferente. A sensação foi indefinível. Sabe quando a gente tá naquela frescura<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pra lavar alguma coisa com a mangueira num pavor enorme de sentir frio? Devagar vamos entrando na brincadeira e quando ficamos a par da situação já estamos completamente molhados. Eu me entreguei dessa forma. E senti o mesmo frio de estar molhada depois. Na verdade, as vezes acho que nem é frio o que sentimos, é uma necessidade de nos encolher protegendo-nos de uma sensação diferente. Senão peixes, não seriam peixes. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
O único arrependimento foi não ter falado no fundo dos olhos quando eu pude. Quando perguntada, retruquei a pergunta com um ‘você sabe o que é?’ e fui respondida com o ‘imagino que sim’. Essa oportunidade sim foi perdida. Mas ela não mudaria nada. Disso tenho certeza. Mas prefiro realmente me arrepender do que faço. E hoje acho que já nem tenho aquela vontade de dizer de novo. Sabe quando passa? Então. Passou.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Vou levando as coisas como dá. Penso que uma caixa de leite azeda em uma semana, uma garrafa de coca-cola perde o gás três dias após ser aberta, o café esfria em menos de 12 horas após feito, o pão endurece em dias, o gelo se desfaz em minutos, garrafas de vidro duram pra sempre, diamantes também. Grafite enterrado há determinada profundidade e em um milhão de anos torna-se diamante. Quartzo antigamente não tinha o menor valor. Turmalinas eram achadas como as piritas em algumas regiões. As piritas eram valorizadas, as turmalinas não. Até que ouro mostrava à pirita que ela não tinha valor. E quem tinha era a turmalina que estava jogada em qualquer canto. São tantas relações... Tantas analogias mais podem ser feitas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Só sei que os sábados hoje têm um valor diferente. Quando acordo e olho pro lado e não vejo e nem sinto o perfume. Nem as quartas a noite e nem as quintas pela manhã. Não tem mais papel de paçoca jogado no meu chão. Nem x-bacon no café da manhã, ou alguém me dizendo que o macarrão com peixe estava delicioso e me mandando lavar a pilha de louças que fica em cima da pia. Mas em prol daquele magnetismo que começa na garganta e acaba no peito, causando arrepios nos braços e na barriga, eu fiz tudo o que eu podia. E que tenho certeza que também arrancou grandes gargalhadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Uma música me lembra os momentos: “Gosto de ver você dormir, que nem criança com a boca aberta”... “Vem cá meu bem, que é bom lhe ver. O mundo anda tão complicado, e hoje eu quero fazer, tudo por você”.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Mas encerro o texto com algumas coisas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Como diria Quintana: “Tão bom morrer de amor e continuar vivendo”. Então, deixa o pau quebrar.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E meu caro Carlos Drummond de Andrade, quero adicionar um trecho a um famoso poema seu, título de um de seus melhores livros:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: red;">E agora ******* ? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: red;">Por favor, não fale nada!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
* Não tem remédio, remediado está</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-71017234694840051392012-11-18T18:48:00.001-08:002012-11-18T18:48:31.664-08:00Encantar, cativar, perder<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal">
Doutor, </div>
<div class="MsoNormal">
Hoje preciso que você fique no divã para estar mais
confortável ao me ouvir. Talvez o melhor fosse uma espreguiçadeira na praia e
um drink de abacaxi com vodka para lhe distrair um pouco, afinal sei que minha
retórica não chega nem perto de ser das melhores. Ou uma rede no meio do campo
onde o cantar dos passarinhos pudesse lhe distrair dessas minhas confusões
mentais extraordinárias. Mas nos contentemos com o que temos, relaxe nesse divã
enquanto lhe faço um expresso e desabafo o que está me corroendo. Sinta-se a
vontade para tirar uma soneca.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A vida não passa da junção de três fatores: encantar,
cativar, perder.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Se embevecer por uma pessoa é
algo natural. Tão simples como tirar remela dos olhos. Acho essa uma das ações
mais simples e que poucos se dão conta. É fato: acordamos, nos alongamos
naquela mistura entre querer esticar para o mundo e despedir-se daquele sono
revitalizador. Agora o mais gostoso é quando acordamos e vemos aquele rosto
lindo ao nosso lado (mas que as vezes nos empurrou na cama a noite toda,
tirando uma pequena parte da paciência), sentir aquele sorriso de bom dia, um
pequeno beijo e então nos colocar a retirar a remela daqueles olhinhos. Ah
doutor, isso é umas das coisas que mais me deixa feliz nessa vida. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acha estranho? Experimente então na próxima
manhã. Você verá o que é sentir ternura.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Quando encantados, ao contrário
de apaixonados, vemos sim defeitos, e muitos. Porque o encanto é a pré-paixão,
mais sinceramente, é a paixão, no entanto coberta com o véu do orgulho. Muitas
coisas têm o nome de Encanto, já reparou? Pousadas, confeitarias, cerimoniais,
até mesmo motéis. Se olhar a raiz das coisas verá que todas são remetentes<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a um estímulo externo afável, digno daquele frio
na barriga que nos arranca um suspiro, dois suspiros, três suspiros. Uma
infinidade de claras batidas com açúcar e assadas por pouco tempo. Prefiro
quando têm raspas de limão. É picante, dá uma pequena diferença que caracteriza
como único. ELE É O MEU SUSPIRO!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Doutor, eu me encantei. Tenho
tanta vergonha de lhe confessar isso. E quando confessei a ele, as coisas nunca
mais foram as mesmas sabe. Acho que mensagens subliminares são a melhor forma
de comunicação. Ao menos subtendidamente ninguém se sente coagido ou
manipulado. Eis a fórmula da vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Depois do encanto, cativa-se. A
maldita raposa do Pequeno Príncipe, me ensinou a coisa que é mais bizarra em
minha vida. E antes doutor eu não tivesse aprendido aquela lição. Aprendi a
cativar e a ser cativada. Uma palavra do meu tempo e que também deve ser do seu
é fitar. Eu fitei aquele garoto até chegar ao ponto de cativá-lo. Creio que fiz
isso, pois ele se abriu pra mim e me deixou afagar seus cabelos e apertar as suas
bochechas. E ele me parecia tão durão em sua maneira de falar das mulheres.
Sim, ele pensa em muitas mulheres o tempo todo. Doutor, me perdoa, mas eu acho
isso normal. Eu também penso em várias pessoas. Ao menos pensava antes dos
últimos quatro meses. Mas esse desejo vai voltar. Eu sei. Ou ao menos oro para
que volte. Ele se tornou único no mundo, como uma rosa mesmo, e cheia de
espinhos. Ele me espetava o tempo todo quando se fechava para uma infinidade de
coisas que eu queria falar e ele sabia só de olhar nos meus olhos. Fui descoberta
doutor. Me ajuda. Ninguém além de você pode me conhecer. Fiz um pacto com o
senhor do mal e ele me disse que quando eu deixasse de ser mistério, a minha
alma já não pertenceria só a mim. Eu quero a minha alma de volta. Quero toda,
doutor. Toda. Por favor me dê um remédio para recuperá-la. Sei que você pode
fazer isso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Então doutor, começou um jogo de
sedução. E eu o tive por vezes seguidas, podendo até mesmo tirar suas remelas,
cuidar da sua ressaca e dividir o cobertor. Eu sempre odiei dormir abraçada, e
então ele veio e quebrou os meus elos, meu orgulho e minhas pernas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Adoro essa expressão: você quebra minhas
pernas desse jeito. Doutor, ele quebrou a minha coluna. Vértebra, por vértebra
e sem piedade e intenção nenhuma. A culpa foi minha e eu deveria estar presa a
uma hora dessas tendo que brincar de pique-esconde com Hitler no inferno.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E quando eu vi que estava estabelecendo
um vínculo forte, não com ele, mas com o gostar do carinho eu me assustei
muito. Sabe aqueles traumas que lhe contei. Bom, eu me abri com ele. Depois num
misto de arrependimento eu comecei a inventar uma séria de versões e no fim já
não havia confiança. E não tem justificativa, eu fui uma falsa e tenho que
aprender a superar meus traumas. Não posso coloca-los nas mãos de ninguém. Fico
parecendo vítima, e o senhor sabe o quanto eu não sou e o quanto fui forte ao
longo desse 16 anos com o nó na garganta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Sou uma péssima jogadora. Sem um
lance planejado, sem ser estrategista e fazer as jogadas certas tive o meu
cheque-mate para a derrota. É doutor, eu perdi. Por minha opção. Pela minha
incompetência em lidar comigo mesma. Com essa mente louca que fala tudo o que
quer, que tem jeito doce, mas que de repente surta e sem fundamento algum. Não
vou por a culpa em nada dessa vez. Prometo. Apenas na minha ignorância. Me
senti pressionada e pressionando. Mas no fundo eu lhe juro em nome do que você
acreditar que não era a minha intenção. Mas agora doutor, não dá mais pra
voltar atrás.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E pra terminar, vou lhe dizer o
que estou sentindo essa noite. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Uma ridícula por que sei que jamais
terei aquele sorriso lindo de novo. Ao menos não direcionado a mim. Nunca mais
vou poder tirar a meleca que tá na ponta do nariz dele. Entende doutor, como
isso tinha tanta importância em minha vida. Parece clichê e senso comum ou uma
redundância de quem já ficou com mais de mil pessoas, mas eu confesso a você:
dessa vez foi diferente. Dessa vez eu quis abrir mão de muita coisa por um
minuto de atenção. Dessa vez eu iria até o fim, aceitando qualquer condição que
ele impusesse. E eu nunca quis ele só pra mim, porque gente assim deve ser
dividida. Ele pode mudar a vida de muitas pessoas. É um pensamento liberal
doutor?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acho que minha cabeça está a
frente do tempo em que vivemos onde todos querem possuir. Eu não.</div>
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Lendo Platão há algum tempo atrás
eu quis ressuscitá-lo só para ver se ele teria a cara de pau de falar na minha
cara que “ A melhor maneira de amar, é amar desprendido de egoísmo”. Acho que
eu quebraria todos os dentes de Platão por ele ter dito algo tão imbecil,
Doutor. Eu errei. Platão estava muito certo. Acho que ele me jogou uma macumba
pra parar de pensar que as pessoas só queriam a procriação como pregava Schopenhauer.
</div>
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Agora doutor de o senhor tiver o
mínimo de consideração com a minha vida, não se levante desse divã e diga que é
amor. Seu silêncio me consola.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/18136111393977774997noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8964661779583920569.post-67062413971965054172012-10-14T22:45:00.001-07:002012-10-15T05:57:02.371-07:00Enigma A lembrança vem intempestivamente quando a prolixidade da vida trás uma série de fatos à mente. Coisas banais levam à uma dialética da mente com a alma, refutando as hipóteses de experimentação de Kelinger, ou qualquer outro cientista que trate tudo como matéria, ciência e fórmula. É como se Pasteur tivesse criado uma abiogênese de sentimentos. E bem, realmente foi uma geração espontânea de um sentimento intensa e extremamente alienígena.<br />
Sempre tão exata, lógica e prática quis estudar um algoritmo que diagnosticasse tudo o que era tão subliminar dentro de minhas conexões sinápticas. Talvez tivesse queimado mais rapidamente todos os meus neurônios com essas explicações do que com o uso de cannabis ou ópio.<br />
E em meio a tantos dilemas biológicos, físicos e matemáticos, não houve uma integral, derivada, teoria da evolução ou fórmula de energia quântica ou cinética que me desse uma coordenada para um resultado final. Nem eixo x, nem z, nem y. Nem Bhaskara, Pitágoras, Darwin, Mendel, Newton, Galileu, ou Benjamin Franklin. Tudo e todos que até então me explicavam a vida, foram falhos nesse momento. E agora? Qual fonte de pesquisa usar? Como achar uma explicação sensata e que gerasse em mim a saciedade dessa busca que inquietava meu ego?<br />
Plano B. Humanas.
Nietzche aconselhava em grande parte de meus questionamentos bizarros. Quantas vezes Zaratustra falava coisas que prendiam e me explicavam tanto. Quantas vezes vi coisas que eram feitas além do bem e do mal. Quantas vezes o niilismo foi tão prático como justificativa. Platão também sempre esteve em cabeceira, teorizando a questão do desprendimento e da falta de egoísmo. E Lacan por fim me afirmava coisas surrealistas que justificavam fenômenos como amor, ódio e agressividade. Mas nada se encaixava na totalidade do que eu buscava...<br />
E a mente atormentada, lógica, teórica e sempre pouco prática.<br />
Ah! Alvarez de Azevedo. Talvez esse sim, em seu pessimismo me dissesse o que eu precisava ouvir. Ou Flaubert me mostrasse que não se passava de um bovarismo imbecil.<br />
Só sei que naquela noite, maldita noite, o estado etílico me atingiu como uma ação que gerou uma reação que então trouxe uma mudança em minha vida. O ceticismo sentimental foi quebrado pelo sorriso mais lindo que eu poderia receber de alguém. E depois o paradigma de que todo mundo do meu clico social era fútil e não plausível de acrescentar nenhuma forma de conhecimento para mim, foi descartado em alguns meses de conversa fiada, engraçada e instigadora de desejos incontroláveis de repetir aquela noite.<br />
Enfim, foi inevitável que aquele contato acontecesse novamente. Em meio a desencontros o encontro inesperado (ou não), confirmou a tese que me intrigava de que aquele sorriso certamente era capaz de me tremer as pernas e disparar uma sinergia que envolvia minha alma em um mundo paralelo e descartava todos os princípios que sempre carreguei como base de respostas.<br />
E foram tantos por quês. Tanta pesquisa em google, ask, sessões de terapia e psiquiátricas. O fato é que aquela aura iluminada me trouxe uma nova visão de mundo, de sorriso, de patifaria intelectual, de ampliação de amizades, do diabo a quatro com o rabo entre as pernas. Surrealismo e muita dificuldade de aceitação.
E os pensamentos lógicos e teóricos vieram numa segmentação de coisas ainda mais inexplicáveis, palavras soltas que causavam aquela espontaneidade estranha ao se olhar para o teto, ou fechar os olhos e contentar-se com palavras dispersas que tinham no fundo todo um significado:<br />
- dálmata, sorvete de flocos, algodão doce alvo, chocolate branco com gotas de chocolate preto, pinguins no meio da neve, ameixas na cobertura de chantilly, bola de futebol, beijinho de coco com cravo, doce de leite ninho, papel branco com bolinhas pretas... ah, tantas coisas mais, que poderia perder muito tempo com comparações, senão todo o tempo do mundo.<br />
E na convivência, surpresas cada vez mais encantadoras, vontade de sempre cativar, medo de perder, sorrisos lindos e inspiradores e uma companhia insubstituível.
E sempre mais palavras remetendo à materialização de alguém que fez e faz diferença:<br />
- bisnaguinha, requeijão com cheddar, doritos, campari, whisky, suco de goiaba, pimentinha, confete, incenso, filosofia, psicologia e muito mais que ainda pretendo conhecer.<br />
E os por quês? Talvez seja melhor não procura-los mais. Creio que eles nem sendo porquês escritos juntos, me explicarão coisa alguma.<br />
Eis que um sorriso veio e me tirou todas as teorias de relatividade, ação-reação, evolucionismo, desprendimento, egoísmo, posse , seleção natural, pessimismo, narcisismo, imaginação excessiva e sei lá mais o que.<br />
Sem rótulos. Só por ser assim, tão especial.<br />
E volta então aquela antiga vontade de escrever.
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